quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A BÍBLIA DAKE: PORQUE TANTA POLÊMICA EM TORNO DELA?

A BÍBLIA DAKE: PORQUE TANTA POLÊMICA EM TORNO DELA?

DAKE-BIBLIA

Recentemente foi lançada pela CPAD uma Bíblia de Estudo a qual tem sido uma fonte inestimável de edificação e crescimento espiritual para muitos cristãos pentecostais em diversos países. Trata-se da Bíblia de Estudo Dake. Ela leva o nome do teólogo Finnis Jennings Dake, da Assembléia de Deus nos Estados Unidos, o qual faleceu no ano de 1987.

A edição lançada aqui no Brasil utiliza-se da Versão Almeida Revista e Corrigida e contém mais de 35 mil comentários de rodapé, 8 mil esboços de sermões, estudos temáticos sobre cada livro bíblico, concordância e dicionário enciclopédico. Diz-se que suas notas resultam de mais de 100 mil horas de trabalho, no decorrer de 43 anos, por parte do teólogo F.J.Dake.

Assim, por essa breve descrição da Bíblia de Estudo Dake pode se perceber que a mesma será uma grande ajuda para os estudantes, professores, teólogos, pastores e todos aqueles que amam a Palavra de Deus. De fato, é uma das Bíblias de Estudo mais completas lançadas nos últimos tempos.

Ainda assim, a Bíblia de Estudo Dake tem sido alvo de inúmeras críticas. Tenho observado muitas delas em diversos sites na Internet. Essas críticas levaram os editores brasileiros a retirar da edição final comentários que poderiam causar polêmica, por não estarem de acordo com determinados entendimentos bíblicos amplamente aceitos. Alguns exemplos: a hipótese de que os gigantes citados no Antigo Testamento eram filhos de anjos com mulheres humanas; que os 144 mil citados em Apocalipse são judeus, entre outros.

Gostaria de expressar minha opinião sobre toda essa polêmica. Não possuo um exemplar da Bíblia de Estudo Dake. Não sei se futuramente irei adquirir uma. Mas o que vou dizer não se aplica apenas à Bíblia de Estudo Dake, mas a todas as diversas versões bíblicas disponíveis.

É facilmente perceptível que críticas não faltam a quase qualquer versão da Bíblia disponível em português. Já vi alguns argumentarem que a única versão bíblica aceitável seria a Versão Almeida Fiel, desmerecendo outras versões paralelas como a Almeida Revista e Corrigida, a Almeida Revista e Atualizada e a Almeida Contemporânea. Já vi críticas duras também com relação à Nova Versão Internacional, desmerecendo sua qualidade e erudição. Já vi também críticas a versões como a Nova Tradução na Linguagem de Hoje, uma versão com linguagem mais simples e muitas paráfrases. Versões como a Tradução do Novo Mundo, produzida pelas Testemunhas de Jeová, então, nem se fala!

Este tipo de crítica, em sua grande parte, sem fundamento e sem razão de ser, não é de surpreender. Note a seguinte citação de Jesus: “Pois veio João, que jejua e não bebe vinho, e dizem: ‘Ele tem demônio’. Veio o Filho do homem comendo e bebendo, e dizem: ‘Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e “pecadores” ’. Mas a sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham” (Mt 11: 18-19). O que Jesus revela aqui? Que é muito difícil agradar todas as pessoas. Ele próprio, o Senhor, não o conseguiu! Esse princípio vale também para as diversas versões bíblicas publicadas. Alguns apreciarão. Outros criticarão. Mas o que Jesus mencionou ao final, também é verdade: a sabedoria é comprovada pelas obras. As pessoas podem dizer o que quiserem, podem levantar quaisquer acusações. Mas são as obras que comprovam se tais acusações são ou não verdadeiras. O mesmo princípio vale para as diversas versões bíblicas publicadas. Não se pode avaliar um livro pela capa. É o seu conteúdo que demonstrará seu real valor.

O apóstolo Paulo mencionou em uma de suas cartas que havia pessoas em seus dias que gostavam de criar polêmica por causa de palavras. Ele descreve a tais nos seguintes termos: “Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes” (2 Tm 6:4-5).

Ainda escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo o aconselha: “Continue a lembrar essas coisas a todos, advertindo-os solenemente diante de Deus, para que não se envolvam em discussões acerca de palavras; isso não traz proveito, e serve apenas para perverter os ouvintes” e “Evite as controvérsias tolas e inúteis, pois você sabe que acabam em brigas” (2 Tm 2:14;23).

Creio que há coisas mais importantes, que merecem nossa atenção, do que debates sobre como traduzir certas palavras ou expressões dos idiomas originais para o nosso ou o modo de interpretar determinados textos bíblicos. Afinal, o que é realmente importante numa tradução da Bíblia? É que ela fale ao coração do leitor ou do ouvinte. Ela deve ser clara e inteligível. Como bem frisou o apóstolo Paulo, quando não se usam palavras compreensíveis, a pessoa está “simplesmente falando ao ar”(1 Co 14:9) . Perde-se o valor da mensagem.

Mas que dizer dos comentários nas notas de rodapé e outros estudos, que não fazem parte do texto bíblico, mas que estão inclusos em Bíblias de Estudo, os quais talvez não se harmonizem com a verdade divina? Bem, sabemos que há diversos modos de enxergar as coisas. Há diversos entendimentos sobre ensinos e práticas bíblicas. A profusão de diferentes igrejas cristãs é prova disso.

Creio que a verdade é apenas uma. Por exemplo: ou a Bíblia é a Palavra de Deus ou não é. Ou Deus é uma Trindade ou não é. Não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Assim, não há como todos os diversos entendimentos sobre um mesmo assunto, estarem corretos ao mesmo tempo. Quando muito, um pode complementar o outro, assim como as peças de um quebra-cabeças se encaixam umas nas outras. O problema fundamental é discernir quem afinal está certo? Com quem está o entendimento correto? Se eu adotar uma postura exclusivista, do tipo, eu estou certo, os outros todos errados e não quero ouvir a versão deles, poderei estar me privando de informações que poderão me enriquecer espiritualmente ou mesmo corrigir meu entendimento, caso ele de fato não esteja correto.

Não podemos nos esquecer deste conselho bíblico: “ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom” (1 Ts 5:21). Portanto, ainda que determinadas versões bíblicas contenham certos comentários, em suas notas de rodapé, ou estudos, que não estejam 100% de acordo com o ensino bíblico, nós podemos aproveitar o que estas versões trazem de bom, para nosso crescimento e fortalecimento espiritual.

Autor: Benjamim Tercio de Araujo. ©2010.

Textos bíblicos extraídos de  “Nova Versão Internacional” da Editora Vida, a menos que haja outra indicação.

* Reprodução do conteúdo acima permitida, desde que citada a fonte e mantidos os respectivos créditos.

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