Lição 04
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O livro de Provérbios apresenta
vários conselhos a respeito do uso apropriado do dinheiro. Tais orientações são
bastante práticas, e úteis para os cristãos dos dias modernos. Na lição de hoje
trataremos justamente a respeito desse assunto tão controvertido, e pouco
discutido nas igrejas, e quando é feito, nem sempre se considera a totalidade
das Escrituras. Por isso, nesta aula, além de abordar a questão do dinheiro em
Provérbios, nos voltaremos para algumas orientações práticas, com base no Novo
Testamento, em relação às finanças.
1. O DINHEIRO EM PROVÉRBIOS
Por se tratar de um livro de
conselhos, Provérbios orienta seus leitores a fim de saberem lidar com
situações práticas da vida. Conforme estudamos anteriormente, o autor de
Provérbios destaca a importância de apresentar a Deus nossas primícias (Pv.
3.9). A recompensa de Deus, para os israelitas, estava condicionada a atitude
de entregar a Ele os primeiros resultados da colheita (Pv. 3.10; 13.21). Como
livro de sapiência, a sabedoria, e não o dinheiro, é muito mais importante,
pois é a sabedoria que faz a riqueza durar (Pv. 8.18,21), o seu resultado é
consideravelmente melhor (Pv. 8.20), somente a partir dela as pessoas poderão
usá-lo adequadamente (Pv. 17.16), inclusive para não afadigar buscando riquezas
(Pv. 23.4). Não apenas a sabedoria é mais importante que o dinheiro, também uma
vida de retidão, atitudes de retidão. As pessoas justas vivem com maior
tranquilidade que as desonestas (Pv. 15.16), por isso um homem pobre que não se
envolve em negócios escusos é preferível ao rico que vive sem honestidade (Pv.
28.6). Deus geralmente recompensa os justos com dinheiro (Pv. 13.21), mas é
melhor ter menos dinheiro e viver em retidão do que ter muito dinheiro
resultante de injustiça (Pv. 16.18). Por conseguinte, temer a Deus é bem melhor
do que ter dinheiro (Pv. 15.16), na verdade, a humildade, e o temor a Deus,
leva o homem a adquirir riquezas (Pv. 22.4). Como já destacamos em outras
lições, a diligência é uma característica fundamental para aqueles que querem
ter êxito em suas vidas. Os que não se deixam conduzir pela indolência colherão
os frutos da prosperidade (Pv. 10.4). A obtenção de dinheiro está atrelada ao
trabalho, é através dele que as pessoas adquirem riquezas (Pv. 14.23). A
diligência é concretizada em planejamento, não apenas em ações espontaneistas,
que leva à ruina (Pv. 21.5). As pessoas que não conseguem controlar seus
hábitos consumistas acabarão sem nada (Pv. 21.17).
2. PROVÉRBIOS E O USO DO DINHEIRO
O sábio destaca, a princípio, as
limitações do dinheiro, definitivamente ele não pode comprar tudo, não pode
livrar as pessoas da condenação (Pv. 11.4), não dura para sempre, tem um
caráter efêmero (Pv. 23.5; 27.4), sequer é digno de confiança (Pv. 11.28), por
isso devemos depositar nossa esperança em Deus (Pv. 28.25). Mas o dinheiro não
necessariamente é algo ruim, na verdade, pode ser utilizado para fazer o bem.
Quando corretamente utilizado, pode diminuir os estresses e evitar alguns
problemas (Pv. 10.15). Ademais, os filhos, se forem sábios, poderão desfrutar
da herança deixada pelos pais (Pv. 13.22), a esposa também exerce papel
fundamental no bom uso dos recursos (Pv. 31.18). Mas é preciso ter cuidado,
pois o dinheiro pode ser extremamente danoso para as pessoas, principalmente no
que tange aos relacionamentos. Isso porque, infelizmente, existem favoritismos
por causa do dinheiro, os ricos acabem sendo bem tratados, enquanto que os
pobres são menosprezados (Pv. 14.20). As pessoas que têm dinheiro não conseguem
identificar com facilidade quem são seus reais amigos, pois muitos se aproximam
por interesse (Pv. 19.4). Aqueles que não têm dinheiro são abandonados
justamente porque as pessoas se voltam para as que têm mais dinheiro (Pv.
19.4). Os que têm muito dinheiro não conseguem encontrar descanso, costumam
viver no isolamento, pois comumente são perseguidos por ladrões ou
sequestradores (Pv. 13.8). Aqueles que têm recursos financeiros são pessoas
fúteis, não conseguem se interessar por conhecimentos valiosos. Os pobres com
entendimento percebem a mediocridade dessas pessoas (Pv. 28.11). Além disso,
não podemos deixar de destacar que muitas pessoas na verdade não têm dinheiro,
apenas vivem uma mentira, como se tivessem, para agradar a sociedade (Pv.
13.7). Ao invés de querer dominar os mais pobres, e se assenhorarem sobre eles
(Pv. 22.7), os ricos deveriam reconhecer que foi Deus quem criou tanto um
quanto ao outro (Pv. 22.2). Ao invés de serem vaidosos, por causa do dinheiro,
os ricos precisam pôr em prática a generosidade (Pv. 11.24,25). Deus é testemunha
daqueles que oprimem os mais pobres, e querem tirar vantagem das suas
necessidades, tais pessoas cairão em ruína (Pv. 22.16).
3. VISÃO CRISTÃ SOBRE O DINHEIRO
A abordagem de Jesus em relação ao
dinheiro é radical, Ele se posiciona contra o acúmulo de riquezas na terra,
orienta as pessoas a entesourarem no céu (Mt. 6.19-21). Essa é a resposta de
Jesus a ansiedade que assola a sociedade moderna. Ao invés de estarem
preocupados com muitas coisas, ansiosos pelas vicissitudes da vida, devemos
aprender a confiar em Deus, na Sua providência (Mt. 6.24,25). Por isso, quando
se encontrou com o jovem rico, orientou para que esse entregasse seus bens
materiais aos pobres, mas ele foi incapaz de fazê-lo (Mt. 19.16-22). A
conclusão de Jesus, em virtude do apego daquele jovem às riquezas foi a
seguinte: “Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos
céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt. 19.23,24). Ao invés de
enfocar demasiadamente as riquezas, Jesus ensina que devemos buscar, em
primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça e que as demais coisas –
apresentadas no contexto, e não todas como dizem alguns – os serão
acrescentadas (Mt. 6.33). Em suas epístolas, Paulo orienta os primeiros crentes
em relação ao uso do dinheiro. Ao escrever aos Coríntios nos apresenta o modelo
de Jesus em relação à riqueza e a pobreza. Diz ele: “pois conheceis a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para
que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (II Co. 8.9). A riqueza a respeito
da qual trata o Apóstolo, nesse texto, não é material, tendo em vista que, ao
escrever a Timóteo, alerta a respeito do perigo das riquezas (I Tm. 6.9,10). A orientação
apostólica é a de que há maior felicidade em dar do que em receber (At. 20.35),
por isso, Deus ama a quem dar com alegria (II Co. 9.7). A moeda mais valiosa
para o cristão é o exercício da piedade, que a fonte de lucro (I Tm. 4.8).
CONCLUSÃO
A partir do Livro de Provérbios, e do
Novo Testamento, destacamos algumas orientações práticas quanto ao uso do
dinheiro: 1) não devemos confiar nas riquezas, mas em Deus, que é nosso
Provedor (Mt. 6.24); 2) diante de uma sociedade consumista, devemos pedir
sabedoria a Deus, para saber usar corretamente o dinheiro (Tg. 1.5); 3) a
honestidade é uma prática cristã, não apenas diante de Deus, mas também dos
homens (II Co. 8.21); 4) não devemos esquecer que um dia prestaremos contas a
Deus, inclusive do modo como gastamos nosso dinheiro (Rm. 14.10; 5) sejamos
cuidadosos em relação ao dinheiro, aprendamos a exercitar a piedade com contentamento
(I Tm. 6.6-10); 6) a utilizar os recursos em coisas benéficas, principalmente
para a obra do Senhor (Fp. 4.14); 7) em uma sociedade individualista,
sejamos generosos, atentos às necessidades dos outros (II Co. 9,6,7); 8) o
dinheiro do cristão deve ser ganho com honestidade, no temor do Senhor, e gasto
com sabedoria (At. 24.16; II Ts. 3.7-9); 9) é preciso ter cuidado para não se
deixar dominar pela ganância, e pelo consumismo (Ef. 5.3); e 10) o segredo é
aprender a viver em contentamento, para não contrair dívidas desnecessárias,
que comprometerão a renda familiar (Hb. 13.5).
BIBLIOGRAFIA
KIDNER, D. Provérbios:
introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1980.
ORTLUND JR.
R. C. Proverbs: wisdom that works. Illinois: Crossway, 2012.
Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com
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